quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Capítulo 03 - Bastidores

O capítulo 03 foi decisivo em nossa história. Estamos nos aproximando da segunda fase do livro A Cidade. Veja o que rolou na construção deste capítulo acompanhando os nossos bastidores.


O amor de Gabriel. E ateu ama?

Gente, não quero ser aqui o cristão que defende ateu, mas tem coisas que todo cristão precisa saber sobre os ateus. Uma das primeiras coisas, vejam só, eles também amam.

Sim. Amam, sentem fome, sede, se preocupam com as outras pessoas. Não, não estou descrevendo um cristão. O que diferencia os ateus dos cristãos, em uma visão ampliada, é o amor para com Deus - ou a falta dele.

Certa vez assisti a um documentário sobre ateísmo e ouvi uma consideração bem curiosa. Dizia um dos entrevistados que, quando passavam cristãos por um mendigo, muitos apenas diziam: Deus lhe abençoe. Já quando passavam alguns ateus, eles sabiam que eram responsáveis por aquela situação vivida por aquele mendigo. Pode parecer estranho, mas devo concordar que isto é uma grande realidade. Existem muitos ateus que são mais benevolentes do que muitos cristãos (que se dizem cristãos).

Acho que já comentei de minha experiência no início de minha fé em redes sociais, blog e sites ateus. E vendo o que muitos ali escreviam pude perceber que havia muito mais preocupação com os outros do que eu encontro em comunidades cristãs. Algumas dessas comunidades cristãs, parecem mais páginas de classificados do que um lugar para reflexão sobre Deus.

Neste momento, você poderá perguntar-se: “Lucas, você é realmente cristão por defender tanto assim os ateus?” Percebam que minha defesa não é voltada para as pessoas em si, mas, para a condição destas. Viver sem acreditar em Deus por traumas, por muitos estudos – levando em consideração que muitos afirmam que se tornaram ateus após estudarem muito, ou por simplesmente não acreditarem, não é nada fácil em uma sociedade cristã. Mas é papel nosso mostrar para eles que existe sim um Deus. Talvez não da forma que muitos foram apresentados, mas um ser superior que deixa as suas impressões digitais em tudo e que, mesmo assim, os ama.


O Capítulo 03

O capítulo 03 do livro A Cidade, praticamente encerra a fase de autoconhecimento do ateísmo do Gabriel, que é a primeira fase do livro. O que antes ele evitava falar, agora, sua vida poderá ser mais centrada naquilo que ele acredita – que Deus não existe.

https://www.wattpad.com/myworks/75814186-a-cidade


Quando estava terminando o capítulo 02, já tinha tanta coisa digitada que resolvi cortar parte do capítulo e aproveitá-lo no capítulo 03. Então se eu tivesse continuado a digitação, o corte nos capítulos sairiam prejudicados e a ligação no final do capítulo seria perdida. Embora eu ainda tenha dúvidas de como encerrar um capítulo. As vezes eu me sinto como assistindo um programa de TV que exibe filmes em uma emissora famosa. Os cortes nos filmes acontecem como que cronometrados. Na hora da ação, debaixo de tiros e explosões, eis que surge um intervalo, lastimável.

A viagem do aeroporto à casa de Mateus foi feita durante o dia para que Gabriel pudesse dar os detalhes de como era Ana e como ela manuseava o pingente dentro do carro. Se fosse durante a noite, eu teria que encontrar uma forma que o Gabriel pudesse ver Ana sentada no banco de trás do carro e acho que, dizer que Gabriel foi andando com a luz interna do carro ligada já seria demais. Então uma dica é sempre imaginar a cena como se fosse um filme. Se um dia o seu livro for para as telonas, você saberá como poderá ficar cada cena.

O amor é loucura

Gabriel nunca havia se apaixonado antes. Podemos notar nas várias descrições dos seus pensamentos como o fato lhe perturba. Um dos que eu particularmente mais gostei de escrever foi a dos sentidos quando ele dirigindo começa a ter devaneios com relação ao seu primeiro amor.
“Mateus falava algo sobre o seu intercâmbio, mas todos os meus sentidos estavam voltados para Ana. Meus olhos buscavam o seu rosto no espelho. Meus ouvidos gritavam por ouvir a sua voz. Minhas mãos ao volante do carro pareciam perseguir a sua matéria entre os estofados. Minha boca, salivava e por mais que engolisse seco, não era o bastante para parar. Ah, e aquele perfume, que vontade de senti-lo mais intensamente, tanto que respirava profundamente na ânsia de sentir aquele aroma.”

O mais legal é quando eu termino de escrever e vejo todo aquele texto me pergunto: Fui eu que escrevi? (rs…)

Não sou um cara romântico, mas acho que se eu ficar escrevendo mais sobre o amor vou acabar me especializando. Tentei colocar na personalidade do Gabriel um cara que se apaixona pela primeira vez. Mas, para fazer valer cada palavra dele, o seu amor deveria ser proibido. Tantos anos na universidade e tantas mulheres e ele foi se apaixonar logo pela noiva do seu melhor amigo que o chama e considera-o um irmão? E a reação de Ana dentro do carro e depois na casa não dava nada a entender que fosse recíproco o amor. Coitado do Gabriel.

A dificuldade dos nomes

Quem me conhece intimamente já deve ter ouvido falar da minha falha em decorar nomes de pessoas. E isto no livro também acontece. Por exemplo, quando Gabriel está na casa do Mateus faço uma citação dos nomes dos pais do mesmo. O problema foi que os nomes foram mencionados em um capítulo anterior. Resultado, abri o capítulo 01 e usei o velho e bom localizar e substituir do Writer (LibreOffice.org). Pesquisando por “pais”, encontrei os nomes que procurava. Então tive uma ideia. Vou pegar o meu caderno e anotar todos os nomes que usei desde então para que eu fique com uma referência dos nomes e dos parentescos. Notei agora, enquanto digitava este texto, que Ana tem pais sem nome… na revisão depois de completar o livro criarei os nomes deles já em algum capítulo passado.

O destino prega várias peças em Gabriel

Olha, vou lhes confessar: Estou gostando muito do jeito do Gabriel. Tanto que o seu futuro, que já escrevi, corre sérios riscos de mudar. Sabe aquela hora que você pensa em matar um personagem e fica ali sem coragem de fazer pelo apego ao mesmo? Pois é, mas isso é assunto para a última postagem dos bastidores.

Uma cena que também gostei muito de escrever foi a cena do quase beijo entre Gabriel e Ana. Ele todo confiante que daria naquele momento um beijo e acaba beijando a testa de Ana. Mas na verdade, ela baixou a sua cabeça por dormir.
“Segurei a sua mão e ficamos ali, olhando um para o outro. Não sei o que passava na cabeça dela. Na minha? Prefiro não revelar. Só sei que naquele momento eu estava no controle. Aquele aperto de mão poderia durar o tempo que eu desejasse. Então, a puxei para lhe beijar, mas agora, bem devagar, para que aquela cena constrangedora do nosso primeiro beijo não se repetisse.

Fomos aproximando os nossos rostos, mas a direção de ambas as partes ainda não estava definida. Como numa corrida suicida no qual dois carros vem um ao encontro do outro esperando que o seu adversário desvie assim evitando o choque, ficamos até chegarmos perto. Mais perto. Bem mais perto. E de uma forma respeitosa ela abaixou a sua cabeça e eu levantei a minha. Um beijo de respeito, sim um beijo em sua testa foi o que eu lhe dei naquele momento. Dois segundos, ou talvez um pouco mais, durou aquele beijo.

Pude sentir a sua respiração ofegante em minha garganta. O que estávamos fazendo? Não! Ela era a noiva do meu melhor amigo, mas do que isso, era a noiva do meu irmão.

Dei um passo para trás e a vi de olhos fechados embora ainda estivesse cabisbaixa. Foi então que eu a chamei:

—Ana? Você está bem? - ele levantou a sua cabeça e abriu os olhos. Um lindo mar azul se fez à minha frente. O que estava acontecendo com nós dois.
—Desculpas. Acho que estou com muito sono.” […]

Eu ri de mim mesmo quando terminei de escrever esta cena. Intimamente confesso que até eu estava torcendo para que os dois se beijassem.

Beatriz – a morena infernal

Beatriz surgiu na hora da digitação. Como já mencionei, tenho a história do livro em um caderno, uma agenda, no computador e na minha cabeça. Mas Beatriz não estava em nenhuma delas. E como um furacão a primeira versão da cena na qual Gabriel e Beatriz fazem sexo também foi, digamos, mais forte.

Quando descrevo Beatriz subindo na mesa e afrontando Gabriel o texto original era muito picante, poderia dizer que era bem depravado. A descrição detalhada de sua posição e gestos foram cortados pois eu não queria que confundissem o livro A Cidade com um livro não espiritual. Não desejo isso. Mesmo que o mercado editorial se um dia optar em publicar este livro, a categoria do mesmo deve prevalecer: é um livro espiritual.

Como assim Lucas? Você descreve uma cena de sexo e o seu livro é espiritual? Convido você a ler o livro de Eclesiastes ou Cânticos de Salomão da sua Bíblia. O livro fala claramente sobre relações entre homem e mulher. Entretanto, algumas pessoas interpretam como sendo uma relação entre Jesus (o noivo) e os cristãos (a noiva a sua igreja).

Na minha opinião, a Bíblia fala sobre tudo inclusive sexo, então por que eu não poderia relatar algo deste assunto no livro? Mas confesso que até agora não recebi nenhuma crítica a cena, que bom.

O único problema que encontro em Beatriz é que, quando escrevo sobre ela, a mesma ainda não tem rosto em minha mente. Quando me refiro a ela, sempre está com cabelos cobrindo o seu rosto e vejo um sorriso. Como ela talvez não fique até o final do livro, decidi não me preocupar por enquanto.

Lhes apresento a face de Mateus

Consegui a autorização de um amigo, Karlos Aires que cedeu o seu rosto para a minha imaginação quando escrevo sobre o Mateus. Achei muito bacana a sua gentileza e estou profundamente agradecido ao mesmo. Karlos, hoje, está como jornalista do portal Guia-me e nos conhecemos na cobertura do Festival de Esperança, evento com Franklin Graham – filho de Billy Graham, que ocorreu aqui em Fortaleza no ano passado na Arena Castelão.




O mais legal de escrever tendo como base pessoas reais, é que podemos atribuir as características dessas pessoas para os nossos personagens. A maneira de falar do meu personagem Mateus é bem semelhante com a do Karlos. Sendo assim, na hora de montar as cenas, basta fechar os olhos e visualizar meu amigo Karlos falando e gesticulando na cena.


Mais uma vez obrigado meu irmão.

Ela está afim dele?

Durante a carona que Gabriel deu para Beatriz, ela relata as palavras de Ana a seu respeito. Isto enche o coração de Gabriel de mais dúvidas. Estaria Ana sentindo o mesmo que Gabriel estava sentido? Será que uma jovem cristã já noiva e virgem, deixaria tudo para aventurar-se com um ateu e melhor amigo do seu noivo? Isto ainda não está definido, mas que vem coisa por aí isso vem.

Uma coisa chata

Não me sinto confortável em escrever a visão de um ateu sobre assuntos relacionados com a igreja. Fico me colocando no lugar de todos os ateus que conversei e leio os comentários de muitos ainda hoje em discussões diversas na internet. Pego trecho de chacotas e desabafos e reconstruo-os na criação do Gabriel.

Escrever de forma a ir contrário ao que se acredita é um desafio. Podem ter certeza, é mais difícil do que imagina. Se quiser saber como é a sensação, basta escrever um tema em que você acredita, algo que daria a sua vida em defender. Digamos que você é a favor da pena de morte. Agora escreva como se fosse uma carta dizendo que você é contra a pena de morte. Este exercício eu usava em minhas palestras de vendas. Se você pode defender aquilo que você não acredita, você pode vender qualquer coisa.

Bom, é isso. Até agora não comecei a escrever o capítulo 04, mas as diretrizes das cenas já estão esperando no documento. Talvez eu atrase um pouquinho e não sei se sairá ainda nesta semana. No mais, gostaria de reforçar o convite para quem tiver interesse em receber em primeira mão os novos capítulos para dar aquela espiada e sugestões para o nosso livro.

Até mais e que Deus lhe abençoe.

https://www.wattpad.com/myworks/75814186-a-cidade

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