quarta-feira, 13 de maio de 2020

O povo não sabe a força que tem


E ali estava aquele "gigante pela própria natureza". Seu nome era Brasileiro. O maior de sua região, idolatrado por alguns e cobiçado por tantos outros. E o que mais chama a atenção no Brasileiro é justamente a sua inércia, sua falta de ação.

Nem sempre foi assim. Houve um tempo que as coisas eram diferentes. Dizem alguns que eram tempos áureos, já outros que a violência manchava seu dorso. Enfim, vamos nos apegar ao presente, às suas amarras.

O Brasileiro, possiu três estacas para que o mesmo fique, com se diz, na linha. Cada estaca tem características bem definidas, embora vira e mexe, elas entram em atrito que geralmente ocorre quando o Brasileiro se movimenta alheio aos seus desejos.

Uma das estacas, vejam só, é escolhida pelo Brasileiro. Apresentam a ele algumas opções e ele tem que escolher uma. E mesmo assim, nem sempre se escolhe a certa, na verdade, se escolhe a melhor dentre as piores.

A segunda estaca, escolhida ao mesmo tempo da primeira, reunem na verdade um aglomerado de madeiras.  Algumas são nobres, já outra podres, já contaminadas com cupins que consomem tudo o que é servido para o Brasileiro.

A terceira é um caso a parte. Enquanto as duas primeiras podem ser trocadas com um tempo bem estabelecido, essa estaca é feita de madeira de lei. Julga as demais e vejam só, até  mesmo o pobre do Brasileiro. Não foi colocada ali pelo Brasileiro, mas pode afetar diretamente a vida do mesmo.

A razão da inércia do Brasileiro, pode ser entendida como uma dormência adquirida pela labuta de anos que se tornaram em vão. Todavia, o Brasileiro não consegui se impor as feridas causadas pelas estacas e fica ali parado, sem entender o que as estacas tem contra ele. Certamente, poderiam os mesmos, o Brasileiro e as estacas, viverem harmoniosamente. Mas para isso, todos deveriam ser tratados e cuidados da mesma forma. A comida, o descanso, os direitos e deveres deveriam ser iguais para todos. Pois assim é o que informa o livro volumoso com as regras de convivência que diz que "todos são iguais". Utopia pensar que as estacas se fizessem dos mesmos serviços do Brasileiro. E assim, o coitado sofre, agoniza e se machuca cada vez mais.

Anos se passam. As estacas são trocadas, mas a mesma sensação de aprisionamento perdura no Brasileiro. Sem saber direito o que fazer, lhe resta sentar e esperar que de lá,  donde as estacas ficam, venha algo para o seu consolo - pão e circo quem sabe.

Ah, quem dera eu pudesse dizer ao Brasileiro: Olha para teus pés! Veja quem lhe aprisiona! Tu és grande, "és belo, és forte, impávido colosso". Se desejares se levantar, verás que tu "não foges a luta, nem teme, quem te adora, a própria morte."

Bastaria então que o Brasileiro se levantasse. Quem é mais forte do que aquele que tem "o brado retumbante?" Quem intentará contra aquele que "ergues da justiça a clava forte?" Oh Brasileiro, em teus sonhos deslumbra o dia em que terás uma vida melhor, contudo, não se ergue para mostrar as estacas quem tu verdadeiramente és.

Erga-se Brasileiro. As estacas não são nada perante a força que tu tens.

Autor: Lucas Filho
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